Sem querer cair na ladainha da falta de civismo,
os tempos de gravidez e agora em que ando por aí com uma criança, o que me
concede prioridade em alguns sítios, permitiam-me escrever um tratado.
Invariavelmente sempre que vou ao supermercado trago uma nova história para
casa. A fila que dá prioridade a grávidas, clientes com bebés e incapacitados é
sempre a que tem mais gente. Uma pessoa aproxima-se e – magia – fica invisível!
Quem está à frente fica imóvel para não correr o risco de cruzar o olhar e ter
que ceder passagem. No início da minha condição de prioritária, muitas vezes,
desistia e procurava outra caixa com menos gente. Depois, à medida que a barriga crescia,
passei a avançar até chegar junto da caixa e ser o funcionário a alertar
para a minha presença. De vez em quando ouve-se: “há claro… não tinha visto”.
Ressalva: É claro que há pessoas sensatas e até
muito amorosas, que não só respeitam estas coisas das prioridades como ajudam
sem sequer ser pedido.
Ainda neste capítulo, grávida de quatro meses, num balcão da
EDP na loja do cidadão, pediram-me o meu boletim de grávida para poder ter
prioridade… Fiquei indignada! Boletim de grávida? Mas eu não vim ao médico, mas
mudar o nome do contador da luz… A menina explicou que muitas pessoas usam
barrigas falsas para poderem passar à frente e, para evitar situações dessas, “agora
só com documento que comprove a gravidez”!!